sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

HISTORIAS SOBRE O MONGE DA LAPA- JOÃO MARIA (PARTE IV)





PARTE-IV

Jesus dos campos, João Maria era o ar, a vida, a esperança dos oprimidos.
- A lei dos pobres é a sua lei.
Padrinho do povo da Cada Verde, as cruzes que arvorara nos topes dos morros são os seus braços abertos para os sofredores.
Desejava rever os velhos companheiros das batalhas, os compadres, os amigos e os afilhados, mas não estaria de corpo presente na inauguração de São Sebastião das Perdizes. Havia vaticinado:
- Meu túmulo será cavado pelos índios no cerro do Taió.
O Taió parece um casarão de pedra, e lá dizem que João Maria ficou encantado. Com certeza, não foi vítima de febres ou de feras, nem sumiu no bico dos corvos.
No jornal “A República”, órgão do Partido Republicano Paranaense, edição de 25 de Setembro de 1.912, na terceira página, com a fotografia de um mendigo, havia um artigo:
“PROFETA QUE MORRE...
O “monge” João Maria passou desta para melhor.
Assim concluía a notícia:
“Por muitos anos há de perdurar ali a tradição dessa figura venerável do apóstolo, longos cabelos e barbas prateadas a emoldurarem um rosto velho, mas de expressão ainda viva, fisionomia de faquir a surgir em todas as portas, a visitar todos os lares.”
Mas João Maria foi enterrado pelo sucessor, o que é muito provável. Pois este herdou-lhe a missão, o gorro de jaguatirica, as roupas, o bordão, o oratório, os poucos pertences. Intitulava-se irmão e dizia chamar-se José Maria, confundindo o povo. Era o monge da nova guerra, da guerra do Contestado.
No entanto, santo não morre. João Maria protege a Casa Verde. Guiado pelo bordão inseparável, vagueia nas veredas da História.

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