sábado, 31 de julho de 2010

Cientistas descobrem novo fenômeno natural: o terremoto espacial




Utilizando dados de uma frota de cinco satélites científicos,
 pesquisadores da Nasa descobriram uma nova manifestação 
de clima espacial. 
De modo bem simplificado, um terremoto espacial (ou spacequake)
 é um forte tremor no campo magnético da Terra e que apesar 
de ser observado com mais intensidade na órbita do planeta, 
não é exclusivo do espaço e seus efeitos podem se propagar 
por todo o caminho até a superfície.
terremoto espacial versus terremoto












































"As reverberações magnéticas podem ser detectadas
 em todo o globo, da mesma forma que os sismômetros 
detectam um grande terremoto",
 disse Vassilis Angelopoulos, principal investigador
 dos dados dos satélites THEMIS e ligado
 à Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
No entender de Evgeny Panov, do Instituto 
de Pesquisas da Áustria, "essa analogia é excelente,
 pois a energia total contida em um spacequake
 pode até superar a energia contida em um 
terremoto de magnitude 5 ou 6". Os resultados do 
trabalho de Panov já haviam sido reportados
 em abril de 2010 na edição do periódico científico 
Geophysical Research Letters.






Em 2007, a equipe THEMIS descobriu o precursor 
dos spacequakes. A ação tem início na cauda 
magnética da Terra, que se estende como uma
 biruta à mercê dos intensos ventos solares de
 quase 2 milhões de km/h. Segundo o estudo,
 em algumas ocasiões essa cauda se estica tanto
 que em dado momento se rompe como um 
elástico. O resultado é que o plasma do vento
 solar armazenado na cauda é "estilingado"
 em direção à Terra.
Em mais de uma ocasião, os cinco satélites
 THEMIS estavam exatamente na linha de
 fogo quando os jatos de plasma foram
 arremessados e ajudaram os cientistas a 
compreender melhor o fenômeno.
"Agora entendemos o que aconteceu", 
disse o diretor do projeto THEMIS, David Sibeck, 
do Centro Espacial Goddard, da Nasa. 
"Os jatos de plasma disparam os spacequakes, é isso o que ocorre".

Fluxo repetitivo de repercussão
De acordo com o cientista, os jatos se chocam 
contra o escudo magnético da Terra a 30 mil 
quilômetros acima do equador. O impacto 
desencadeia um processo de repercussão em 
que o plasma que entra salta para cima e para
 baixo no reverberante campo magnético. 
Esse processo foi chamado de "fluxo repetitivo 
de repercussão" e pode ser comparado a uma
 bola de tênis saltando para cima e para baixo 
sobre um piso acarpetado. "O primeiro salto é grande,
 seguido por uma série de saltos menores que 
diminuem à medida a energia é dissipada no tapete", 
explicou Sibeck.
"Há muito tempo já suspeitávamos de algo parecido,
 mas somente com os novos dados é que o processo
 se tornou realmente fantástico", disse o cientista.
 "A maior surpresa foi a descoberta de vórtices 
de plasma, gigantescos redemoinhos de gás 
magnetizado, tão grandes quanto à Terra - girando 
à beira do campo magnético trêmulo do planeta".
"Quando os jatos de plasma atinge a magnetosfera 
interior, vórtices em sentido oposto aparecem e 
desaparecem nas laterais dos jatos", explica
 Rumi Nakamura, coautor do estudo junto ao
 Instituto de Pesquisas da Áustria. 
"Acreditamos que esses vórtices podem 
gerar intensas correntes elétricas nas proximidades Terra".
Agindo em conjunto, vórtices e spacequakes 
podem ter efeitos perceptíveis na Terra.
 De acordo com o estudo, a cauda dos redemoinhos 
pode conduzir partículas carregadas em direção à 
atmosfera da Terra, provocando auroras e ondas 
de ionização que perturbam as comunicações de
 rádio e GPS. Ao atingir a superfície do campo
 magnético, podem induzir correntes elétricas no solo,
 com profundas consequências na rede de 
distribuição de energia elétrica.
Antes da descoberta dos jatos e spacequakes,
 um grupo de cientistas do Laboratório Nacional 
de Los Alamos, liderado pelo pesquisador 
Joachim Birn, haviam conduzido simulações 
relacionadas ao processo de rebote na
 magnetosfera e os resultados já haviam
 demonstrado a possibilidade da existência do 
fenômeno, agora comprovado. Além disso, 
as simulações sugeriam que o processo de 
rebote poderia ser visto a partir da superfície 
da Terra na forma de auroras e redemoinhos 
luminosos na alta atmosfera.
"O trabalho não está terminado e ainda temos
 muito a aprender, disse Sibeck. "Ainda não 
sabemos como os vórtices giram em torno da 
Terra e como eles interagem. Até que tamanho 
pode ter um vórtice? Qual a intensidade máxima 
de um spacequake?. Esse é um processo bastante
 complicado, mas agora tudo começa 
a se encaixar", completou.
Artes: No topo, gráfico compara dois eventos 
de grande magnitude: Terremotos terrestres
 e terremotos espaciais. Segundo as novas 
descobertas, os spacequakes podem liberar 
tanta energia quanto um terremoto de forte 
intensidade. No lado esquerdo vemos os registros
 de um spacequake ocorrido em 14 de julho de 2000. 
Conhecido como "Evento Dia da Bastilha",
 o terremoto espacial foi provocado por uma 
das mais violentas explosões solares já registradas,
 com índice KP=9, de extrema intensidade. 
Acima, vídeo mostra o "fluxo repetitivo de
 repercussão" (rebote) e como o vento solar 
dispara os spacequakes. 
Crédito: Nasa/Walt Feimer/Goddard's 
Scientific Visualization Lab./Apolo11. 
Direitos Reservados
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Fonte: Apolo11 - http://www.apolo11.com/spacenews.
php?posic=dat_20100728-093317.inc

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