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Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira a ampliação de medidas punitivas contra companhias e pessoas vinculadas ao programa nuclear do Irã ou que o ajudam a evadir as sanções internacionais.
"Hoje, os EUA estão dando os primeiros passos para aplicar e completar a resolução" do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra o Irã, aprovada na semana passada, disse o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner.
O governo americano impôs sanções ao Post Bank, um banco estatal que o regime iraniano supostamente usa para realizar secretamente transações que antes fazia pelo Bank Sepah, que faz parte da "lista negra" das Nações Unidas.
Os EUA também adotaram novas medidas contra quatro entidades e duas pessoas ligadas à Guarda Revolucionária, acusada de ter um papel "central" no programa de mísseis do Irã e em seu apoio ao terrorismo, segundo o governo americano.
Além disso, os EUA impuseram sanções contra quatro empresas e mais de 90 navios usados pela companhia nacional de transporte marítimo do Irã, a IRISL, para evitar as punições às quais está submetida desde 2008.
O governo americano também aplicou medidas punitivas contra 22 companhias de petróleo, energia e seguros, com sede dentro e fora do Irã, particulares ou controladas pelo governo iraniano.
Geithner explicou que o objetivo das sanções é dissuadir outros governos e instituições financeiras estrangeiras que realizam negócios com essas entidades e, dessa forma, evitar que apoiem "atividades ilícitas do Irã".
O secretário do Tesouro disse que os EUA buscam o apoio de outros governos para a aplicação de medidas financeiras adicionais contra o Irã. "Esperamos anúncios em breve" por parte desses países, afirmou.
Os EUA e seus aliados asseguram que Teerã pretende fabricar uma bomba atômica, enquanto o Irã insiste em que seu programa nuclear tem fins pacíficos.
UE
Os membros da União Europeia devem ampliar a pressão sobre o Irã nesta quinta-feira (17), ao aprovar novas sanções unilaterais mais rigorosas que as obtidas no Conselho de Segurança.
O documento, ainda em negociação, atinge o setor energético, excluído das sanções da ONU por pressões da Rússia e da China. Pelo texto, seriam proibidos investimento, assistência técnica ou transferência de tecnologia, equipamento ou serviço, particularmente de refino e de liquefação de petróleo.
Também haverá mais limitações ao comércio em setores de possível duplo uso civil-militar, mais restrições no setor de transportes e medidas mais restritas em questões de transportes, congelamento de bens e restrições de vistos. Deve haver novas restrições à atividade em território europeu de bancos iranianos.
Retaliação
Ainda nesta quarta-feira o Parlamento da República Islâmica ameaçou a comunidade internacional dizendo que o país "responderá na mesma moeda", caso as sanções impostas pela ONU sejam aplicadas a navios em alto-mar ou aeronaves iranianas.
O presidente da Câmara, Ali Larijani, também disse que o governo vai prosseguir com o programa de enriquecimento de urânio.
"Faço uma advertência aos aventureiros americanos e aos outros países que, caso tentem inspecionar a carga de navios ou aviões iranianos, devem saber que nós faremos o mesmo no golfo Pérsico e no mar de Omã", afirmou.
"A medida faz parte da defesa de nossos interesses nacionais", acrescentou o político entre gritos de "Morte aos Estados Unidos", "Morte a Israel" e "Deus é o maior" procedentes da bancada.
Novo reator
Apesar de as novas sanções, o Irã anunciou nesta quarta-feira que o país construirá em breve um novo reator de pesquisa nuclear médica mais potente do que o que atualmente existe em Teerã.
As informações foram confirmadas pelo chefe do programa nuclear iraniano, Ali Akbar Salehi.
O Irã dispõe atualmente em Teerã de um reator de pesquisa nuclear de 5 megawatts construídos antes da revolução islâmica de 1979.
O país lançou em fevereiro último a produção de urânio enriquecido a 20% para, segundo a versão oficial, fabricar combustível para o reator. A decisão causou uma nova crise na comunidade internacional, que suspeita que Teerã pretenda construir uma bomba atômica.
Sanções
Na semana passada o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma quarta rodada de sanções contra o Irã devido ao seu programa nuclear. O documento foi aprovado com 12 votos a favor, uma abstenção (do Líbano) e dois votos contra (Brasil e Turquia).
As novas sanções devem vetar investimentos exteriores iranianos em atividades e instalações relacionadas com a produção de urânio, serão estabelecidas restrições na venda de armas convencionais ao Irã. Além disso, o país será proibido de fabricar mísseis balísticos com capacidade de carregar ogivas nucleares.
Também deve haver novas restrições às operações financeiras e comerciais com o Irã, além do reforço do regime de inspeções das cargas dos navios e aviões iranianos para evitar que burlem o embargo internacional.
As novas punições aprovadas no Conselho de Segurança buscam afetar o financiamento e as áreas de influência da Guarda Revolucionária.
De acordo com o texto aprovado na última semana, os bens de 40 empresas e organizações devem ser congelados: 15 delas ligadas à Guarda e 22 envolvidas com atividades de mísseis balísticos ou nucleares.