quarta-feira, 7 de abril de 2010

AL-QAEDA PERTO DA BOMBA

Al-Qaeda perto da bomba


Nahum Sirotsky, correspondente iG em Israel
http://ultimosegundo.ig.com.br/opiniao/nahum/2008/04/28/al_qaeda_perto_da_bomba_\
1290455.html




ISRAEL - Ontem, Kazai, presidente do Afeganistão, escapou de atentado
assistindo num palanque a um desfile de sua tropa. Ao seu lado estavam
embaixadores e visitantes de vários países. Na hora do tiroteio e
explosões a tropa correu sem controle. Foi na capital, Kabul, sete
anos depois de invasão E guerra de americanos contra o Talibã que
governava o pais.

O Afeganistão foi criado no século 18 por um sheik guerreiro.
São mais de 600 mil quilômetros de extensão sem saída para o mar.
Tem fronteiras com os países vizinhos, parte deles antigas
repúblicas da União Soviética, e China, Paquistão, Irã. Mas desde os
seus primeiros dias quem governava em Kabul, a capital, jamais
mandou em todo o país cujo domínio de fato foi e continua dividido
entre chefes e tribos. Foi conquistado mas jamais dominado.

São inesquecíveis e incontáveis as histórias das batalhas
enfrentadas pelas tribos entre elas e invasores. Foi incluída no
império britânico do qual se tornou independente em 1919 pois
era trabalho demais tentar controlar as tribos. Teve rei,
suposta democracia, guerra civil. Em 1979 um sistema comunista
assumiu e recebeu apoio direto de forças soviéticas. O povo de
religiosidade extrema via o comunismo como o inimigo de Ala
(Deus). Revoltou-se. E as inúmeras facções e tribos partiram para a
guerra de guerrilhas nas quais eram e são mestres.

A CIA americana ajudou as guerrilhas com armas e assessores
militares usando da fronteira com o Paquistão como ponto de
passagem. Em 1989 os russos comunistas se retiraram desmoralizados
e derrotados. O retorno da tropa contribuiu para a queda da
União Soviética. E as tribos e facções entraram em guerra civil
disputando o poder. Ganharam os Talibãs, palavra que significa
estudantes, os dedicados aos escritos sagrados. Aqueles que cumprem
as leis conforme reveladas por Alá a Maomé, o profeta e
mensageiro, cumprem ao pé da letra.

O interesse americano foi o de enfraquecer a União Soviética.
Eram os anos da "guerra fria", do equilíbrio do poder atômico que
inviabilizava guerra direta. A luta se fazia por meios
indiretos. A tática era a de fortalecer organizações simpáticas a
cada lado. Assim, Fidel derrotou um ditador pró-americano em
Cuba e logo recebeu qualificação de intocável aliado soviético.
Não raro, na perseguição de objetivos claros também chegam
resultados não desejados. Bin Laden, jovem milionário saudita
ultra-religioso, voluntário na guerra do Afeganistão contra os
comunistas, também é contra a cultura ocidental pois quer o Islã,
sua fé, praticado em toda a sua pureza.

Implantou o Al-Qaeda (organização) no Afeganistão sob a proteção
do Talibã. Em setembro de 2002 promoveu um dos mais mortíferos e
bem organizados atos de sabotagem. O ataque e destruição das
Torres Gêmeas de Nova Iorque. Bush declarou sua guerra ao
terrorismo e invadiu o Afeganistão.Suas tropas tomaram Kabul.
Vitória? Anunciada como total. Foi parcial. O Talibã se
reorganizou, rearmou e domina de fato boa parte do país. O Al
-Qaeda tem suas teias por todos o mundo. A luta prossegue
diariamente sem sinais de findar. A audácia e perfeita execução
do atentado a Kasai foi mais uma demonstração de que ainda não
se tem a doutrina militar correta para enfrentar e destruir os
grupos que não devem obediência a lei alguma a não ser a de
seus interesses.

A força militar não se impôs no Iraque. O Hamas palestino
(organização de resistência islâmica) continua sua guerra a partir
da Faixa de Gaza. O Hezbolah xiita, libanês, é um poder temível.
Da Somália partem piratas que atacam e capturam navios modernos.
O terrorismo escolhe seus alvos e momentos para atacar.

Onde está Bin Laden? E o Paquistão vizinho que tem arsenal de
armas nucleares promete expulsar os cerca de dois e meio milhões
de afgãs refugiados no país que são pesada carga de problemas de
todos os tipos. E, pouco se diz, mas o Al-Qaeda e grupos afins, com
amplos recursos advindos, no caso do afegã, da maior produção
mundial de coca, pagariam o que fosse por uma bomba. Em dinheiro ou
vidas. Empregariam –na. É o que se teme.

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