sábado, 24 de abril de 2010

SÃO FRANCISCO, 18 DE ABRIL DE 1906


Terremoto de São Francisco revolucionou pesquisa científica sobre tremores

12/02 - 07:46, atualizada às 19:54 30/03 - Leandro Meireles Pinto, iG São Paulo
    Tragédia, que deixou pelo menos 700 mortos e 200 mil desabrigados, estimulou a pesquisa mundial sobre terremotos e o desenvolvimento dos melhores tipos de construção para atenuar seus efeitos.

     

    O terremoto de 18 de abril de 1906 na Califórnia é classificado como um dos tremores mais significativos de todos os tempos, mas sua importância vem mais da riqueza do conhecimento científico dele derivado do que do seu tamanho ou intensidade.
    Com magnitude estimada em 7,8 graus, o “Grande Terremoto de São Francisco” foi uma das maiores tragédias naturais dos EUA. O tremor e um incêndio subsequente deixaram estimados entre 700 e 3 mil mortos, 200 mil desabrigadas em uma população de 450 mil e mais de 25 mil construções condenadas.
    Depois da devastação da cidade, as companhias de trens Southern Pacific e Santa Fe Railroads liberaram os portões de embarque de suas plataformas para que qualquer pessoa pudesse fugir da região afetada. Cerca de 100 mil pessoas foram contabilizadas no embarque da estação de Oakland.
    Reprodução
    NONONO
    São Francisco destruída: terremoto deixou 200 mil desabrigados
     
    Após a tragédia, uma comissão de cientistas da Califórnia começou a elaborar um relatório sobre o terremoto e seus efeitos. Naquela época, relativamente pouco era compreendido sobre o fenômeno, como e onde ele ocorria ou o perigo que representava.
    O relatório final da comissão, publicado em 1908, foi uma compilação exaustiva de documentos detalhados de mais de 20 cientistas sobre os danos do terremoto, o movimento na falha geológica de San Andreas – responsável pelo terremoto de 1906 – e os registros dos sismógrafos em terremotos de todo o mundo. Até hoje, sismólogos, geólogos e engenheiros consideram esse documento um ponto de referência para investigações sobre os efeitos dos terremotos.
    Por causa dessa iniciativa, um intenso programa de pesquisas sobre terremotos foi desenvolvido nos EUA em parceria com vários países também afetados por tremores.
    Desde então, aparelhos sismógrafos são usados para medir a intensidade de pequenos abalos sísmicos e a velocidade de movimento das placas tectônicas ao redor do mundo.
    Os dados dessas redes de instrumentos passaram a ser analisados com o auxílio de computadores e, por meio dessas observações, cientistas foram capazes de criar uma imagem detalhada da localização e atividade das centenas de falhas que compõem o sistema de placas.
    Tendo como base esses estudos, engenheiros ao redor do mundo conseguiram desenvolver regras de construção para edifícios e pontes mais resistentes aos tremores. As análises também serviram para orientar empresas de seguro na hora de formular suas apólices em áreas sujeitas a terremotos.
    Assista ao vídeo com imagens feitas logo após o terremoto:
    Reconstrução
    A reconstrução de São Francisco foi rápida e praticamente concluída em 1915, a tempo para a Exposição Panamá-Pacífico, que celebrou a restauração da cidade e sua origem “das cinzas”.
    Doações e ajuda para a reconstrução foram enviadas de várias partes dos EUA e do mundo, mas os sobreviventes do terremoto enfrentaram muitas dificuldades nas primeiras semanas após a tragédia. Eles dormiam em tendas nos parques da cidade, faziam longas filas por comida e eram obrigados a cozinhar os alimentos nas ruas para atenuar a ameaça de incêndios.
    No âmbito político, o Congresso americano respondeu ao desastre de várias maneiras. A Câmara Baixa e o Senado liberaram verbas de emergência para a cidade comprar alimentos, água, tendas, cobertores e suprimentos médicos. O governo também liberou fundo para a reconstrução dos edifícios públicos que foram danificados ou destruídos.
    O terremoto de 1906 ainda é lembrado todos os anos pela população de São Francisco, que comemorou seu centenário em 2006 com a presença de 11 sobreviventes da tragédia.

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