domingo, 18 de abril de 2010

A MALDIÇÃO QUE ARRASTA O HAITI


A MALDIÇÃO QUE ARRASTA O HAITI


Escrito por Bianka de Jesus    viernes, 09 de abril de 2010 09 de abril de 2010, 09:37[Photo]Héctor Miranda

 Porto Príncipe, 9 abril (PL) A morte de Jean-Jacques Dessalines, em 17 de outubro de 1806, marcou ao povo haitiano até hoje e muitos acham que os males que sofre o país se devem a uma maldição do até então dirigente.

Dessalines, cujo nascimento e infância são um mistério, porque uns acham que vinho ao mundo na Guiné e outros no norte do país, sempre 20 de setembro de 1758, foi um dos pilares da independência haitiana, uma terra que manchou após sangue.

A lenda da maldição correu de boca em boca durante dois séculos e até o terremoto, que no passado 12 de janeiro matou a mais de 220 mil pessoas e destruiu Porto Príncipe, é, para muitos, uma consequência da blasfêmia do imperador Jacques I, como se fez chamar.

Contam que bem perto de Pont-Rouge, as tropas leais a Henry Christophe e Alexander Petion lhe prepararam uma emboscada a Dessalines, a ambos lados do caminho por onde devia passar em companhia de seu séquito.

O temível guerreiro, ao ver-se rodeado de soldados que lhe apontavam, gritou: "Me têm traído e este país pagará por isso!". Então, de um tiroteio matou a um dos amotinados.

A outra parte dos emboscados, que até esse momento desobedeceu as ordens de disparar, realizou uma descarga fechada sobre o Imperador, quem, antes de morrer, voltou a repetir a mesma frase: "Este país pagará por isso".

Em uns segundos, o até então homem forte da nova nação foi despojado de seus vestidos, suas pistolas, a espada e até de seus dedos, com a intenção de tirar-lhe mais facilmente seus anéis.

Sobre uns fuzis foi transladado a Porto Príncipe, onde foi apedrejado pela multidão e destroçado a golpes, tudo em frente à praça do Governo.

Durante horas seu cadáver foi presa de tudo o que se lhe acercou, até que o tempo aplacou as paixões e uma mulher orientou seu esposo que o enterrará em uma tumba modesta, cujo epitáfio rezava: "Aqui jaz Dessalines, morto aos 48 anos".

Desde então, todos os fenômenos naturais e sociais que viveu Haiti, são para uma parte dos haitianos, uma consequência da morte do outrora escravo convertido em imperador. Nessa lista figuram os governos sátrapas, os devastadores furacões e até o sismo de janeiro último.

Para alguns, tanta vigência tem a maldição de Dessalines, que a zona que rodeia ao boulevard que leva seu nome nesta capital, foi da mais afetada pelo movimento telúrico.

A rua Dessalines, uma das principais artérias e centro do comércio nesta capital, a três meses do sismo, ainda permanece abarrotada de escombros e muitos de seus edifícios correm o risco de cair-se.

Certa ou não a lenda sobre a maldição de Dessalines e até suas palavras no momento de morrer, os males que padeceu o povo haitiano se agravaram a cada vez mais pela pobreza extrema em que vive desde então a maioria.

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